Saque do FGTS deve beneficiar 40 milhões de brasileiros

Sem cortar gastos supérfluos e de emendas parlamentares pouco transparentes no Orçamento, o governo pretende turbinar a economia com uma nova rodada de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) depois do carnaval em torno de R$ 30 bilhões. Os estudos preliminares da equipe econômica preveem a liberação de até R$ 1 mil por trabalhador com saldo disponível na conta. A expectativa é que a medida atinja 40 milhões de pessoas.

Críticas

Analistas consideram baixo o valor de R$ 1 mil para o novo saque, caso seja confirmado, porque não deverá socorrer os mais endividados. “O saque de R$ 1 mil é realmente muito pouco, porque a dívida da maioria das pessoas é superior a esse valor. A medida não vai beneficiar a classe média, uma das mais endividadas”, disse Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Apesar de criticar o valor, ele considera a medida muito boa, mas reconhece que ela é de curto prazo e não inibe o problema futuro no caso de o trabalhador ficar desempregado e não poder mais contar com a poupança forçada.

Economista da Terra Investimentos, Homero Guizzo avaliou que a medida é positiva, “pois dá ao trabalhador a liberdade para usufruir de uma poupança que é sua e que geralmente está presa a uma remuneração diminuta”. No entanto, o impacto será limitado e de curto prazo. “Os saques podem compensar, por um curto período, o impacto da corrosão do rendimento das famílias pela inflação. Mas não bastam para mudar o quadro de fraco crescimento da demanda em função do aperto monetário em curso e da baixa confiança”, destacou.

O presidente do Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador (IFGT), Mario Avelino, porém, não poupou críticas. Ele teme que os saques prejudiquem a saúde financeira do fundo, cujos recursos são destinados originalmente para habitação popular, saneamento básico, infraestrutura e saúde. “O FGTS é um fundo social, além de ser uma reserva para momentos de necessidade do trabalhador”, afirmou.

“Considero essa medida totalmente eleitoreira, além de atender o lobby dos banqueiros”, lamentou. Avelino lembrou que, desde 2017, o governo vem promovendo saques emergenciais do FGTS e a economia não ganhou impulso e continua patinando.

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